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PSICOPEDAGOGIA

Personalidade Boderline na Visão Psicanalítica
(Prof. Pr. Jairo Goncalves) – 14/Nov/2016
“Boderline” é o “transtorno de personalidade” apresentado por pessoas que se consideram ou são consideradas impulsivas e irritadiças. Conforme o DSM-IV (301.83) o paciente boderline revela: "Padrão global de instabilidade e impulsividade” nos relacionamentos interpessoais, auto-imagem e afetos. O transtorno boderline ocorre na idade adulta.
O termo boderline vem de fronteiriço, porque se refere ao estado-limite entre neurose e psicose. O indivíduo apresenta um “self” (Ego) formado por múltiplos e variados fragmentos de auto-suficiência. Podemos considerar um indivíduo como paciente Borderline se o transtorno preencher cinco ou mais características das indicadas abaixo (Tabela TPB proposta pelo DSM-IV-TR - APA-2002):
- Esforços frenéticos para evitar um abandono real ou imaginário.
- Relacionamentos interpessoais instáveis e intensos: extremos de idealização-desvalorização.
- Identidade perturbada; instabilidade constante sobre auto-imagem, auto-estima e auto-confiança; tendência para sociopatias.
- Impulsividade em áreas potencialmente lesivas: consumismo; sexo; abuso de substâncias (drogas); condução motriz ousada.
- Comportamentos, gestos ou ameaças de suicídio ou automutilação; dificuldade para “admitir que errou”; “amnésias defensivas”
- Instabilidade afetiva - oscilação frequente de humor; irritabilidade; ansiedade; verborréia;
- Sentimentos crônicos de vazio.
- Raiva intensa e dificuldade para controlar-se; rijas e reclamações constantes.
- Episódios de ideação paranóica transitória, reativa ao stress e sintomas dissociativos intensos.
- Busca conciliar diversos papéis, sem saber o que priorizar; isso cria mais confusão e estresse sobre quem ele é ou o que quer, além de causar aumentos da taxa de divórcios pela dificuldade de alcançar relacionamentos íntimos mais estáveis.
(Nota: A personalidade boderline apresenta traços parecidos com algumas características das esquizofrenias hebefrênica, catatônica e paranoica).
Há mais mulheres do que homens com personalidade boderline. Eis alguns sintomas, nas mulheres:
- Medo de abandono; necessidade constante, agonizante, de nunca se sentirem sozinhas, rejeitadas e sem apoio.
- Dificuldade de administrar emoções e comportamentos.
- Impulsividade; ações compulsivas.
- Instabilidade de humor. As oscilações de humor que, nos distúrbios bipolares duram semanas ou meses, nas pessoas boderline duram minutos, horas, dias. Essas oscilações de humor incluem depressões, ataques de ansiedade, irritabilidade, ciúme patológico, hipocondria, hetero e/ou auto-agressividade.
- Mudanças constantes de: planos profissionais, estudos, círculos de amizade, residência, decoração doméstica, looks, etc.
- Problemas de auto-estima e valorização: sentem-se incompreendidas. Não têm uma visão muito objetiva e duradoura de si mesmas. Múltiplas personagens internas, em desacordos e conflitos.
- Desenvolvem admiração e desencanto por alguém, ou coisas, muito rapidamente. Criam situações superidealizadas sem que o parceiro (objeto do afeto), nem tenha idéia de que o relacionamento era tão profundo ou raso assim.
- Alta sensibilidade a qualquer sensação de rejeição; contrariedades e rejeições, mesmo pequenas, provocam grandes tempestades de ciúme e revolta..
- A mistura de idealização por alguém e a extrema sensibilidade às pequenas rejeições criam relacionamentos conturbados e instáveis, e geram rompimento e restabelecimento imediatos de novos relacionamentos com as mesmas hiperidealizações, o que acarreta problemas futuros.
Causas prováveis
- Vivências traumáticas de negligência e rejeições no passado, como gestação e parto com conflitos; terror psicológico ou físico na infância, tais como: doenças graves, castigos, separação dos pais, orfandade.
- Vulnerabilidade individual durante a puberdade.
- Stress contínuo no ambiente familiar, na vida conjugal e desempenho profissional.
Tratamento
O tratamento requer tempo e paciência, tanto dos profissionais, quanto dos familiares, que também precisam tratar-se. Envolve Psicoterapia Cognitivo-Comportamental (TCC) e uso de antidepressivos e estabilizantes de humor. Em situações graves, a internação psiquiátrica se faz necessária. Difícil é quando ocorre a co-morbidade, ou seja, a associação do TPB com outros transtornos mentais. A observância deve durar seis meses, no mínimo, antes de um diagnóstico, pois, ainda não temos exames laboratoriais ou de neuro-imagem com taxa alta de confiabilidade.
Os antidepressivos e tranquilizantes são úteis, embora não tenham a mesma eficácia como no tratamento de depressões ou ansiedades. Mas (atenção!) a medicamentação de sentimentos pode causar problemas em outras áreas, por isso, não se recomendam remédios controlados no inicio do tratamento; em casos mais severos, talvez. É importante salientar que ninguém deve "vestir" os sintomas acima descritos, pois, eles podem ser frutos de outras patologias. Nada de diagnosticar-se e medicar-se. Procurar sempre Psicólogo e Psicanalista; em casos perenes e graves, o Psiquiatra.
(Nota: Extraído do Livro: “Evangelho da Glória da Cruz de Cristo – Toda Verdade”, p.149, publicado no site revolucionário: www.jairogenoma.com.br).